Palestrantes

Tema: Deaf Gain

 Joseph Murray  Isabel Morais Helder Duarte Joaquim Melro 

Tema: Intérpretes profissionais de Língua Gestual

Debra Russell Helena Alves Maria José Freire Joana Sousa
 
   Joseph Murray
PhD. and M.A., Iowa University
B.A, Northeastern University
Professor Assistente de Língua Gestual Amerciana e Deaf Studies na Universidade Gallaudet
Membro da Direção de WFD - Federação Mundial de Surdos
[vídeo] [Biografia]   [WFD]   [Gallaudet]

Joseph J. Murray é professor de ASL e Estudos Surdos na Universidade de Gallaudet. Trabalha nas áreas de História e Estudos Surdos. Na sua investigação, explora a criação de uma esfera pública transnacional e da circulação de estratégias de cidadania e de pertença entre surdos, nas nações ocidentais, existente desde o final do século XIX. As suas publicações mais recentes têm se debruçado sobre o conceito de "Deaf Gain", do qual ele é co-fundador. veja-se a obra publicada em setembro de 2014, pela University of Minnesota Press, e uma outra sobre Cidadania e Surdos, pela Gallaudet University Press.

Joseph J. Murray deu inúmeras palestras sobre Estudos Surdos, a comunidade internacional dos surdos e direitos humanos em vários países de todos os seis continentes, bem como nas Nações Unidas, na Organização Mundial de Saúde e noutros organismos internacionais. Joseph J. Murray está envolvido na Federação Mundial de Surdos há duas décadas, sendo, atualmente conselheiro e presidente do Grupo de Trabalho de Direitos Humanos.

Deaf Gain: Raising the Stakes for Human Diversity
Autor(es): H-Dirksen L. Bauman, Joseph J. Murray

Descrição

Os surdos são normalmente considerados pela comunidade ouvinte como tendo uma falta, como uma falta de um sentido. No entanto, uma definição de pessoas surdas com base na perda de audição obscurece uma riqueza de formas em que as sociedades se beneficiaram com as contribuições significativas de pessoas surdas. Nesta intervenção ousada em debates em curso sobre a deficiência e o que significa ser humano, especialistas de uma variedade de disciplinas - neurociência, linguística, bioética, história, estudos culturais, educação, políticas públicas, arte e arquitetura - avançam o conceito de Ganhos Surdos e desafiam pressupostos sobre o que é normal. Fonte: PorSinal

Resumo:

A invenção do conceito de “norma”, em meados do século XIX, e a sua aplicação ao corpo humano criou novas categorias de diferença física, a que agora chamamos de “deficiência”.  Este enquadramento da normalidade levou à institucionalização de um enquadramento do défice quando se olha para as pessoas surdas, o que realça a perda auditiva e as intervenções que aliviam essa perda. Este modelo do défice tem sido contestado pelas pessoas surdas nas últimas décadas, nos programas de Estudos Surdos e de língua gestual, especialmente quanto aos aspetos culturais e linguísticos únicos das pessoas surdas.
 
Todavia, as vantagens de saber língua gestual não se limitam às pessoas surdas.  O mundo seria um sítio muito diferente se as pessoas surdas e as línguas gestuais não existissem.  Esta apresentação irá olhar para a forma como as diferenças culturais, creativas e cognitivas em se ser surdo oferecem à sociedade um “Ganho Surdo”, o que pode levar a uma maior compreensão das diferenças físicas como parte da diversidade humana.

Isabel Morais                                    

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 Docente de Língua Gestual Portuguesa em contexto de Formação e Qualificação de Adultos, no Serviço de Formação e Qualificação de Adultos do Centro de Educação e Desenvolvimento António Aurélio da Costa Ferreira, da Casa Pia de Lisboa.

Mestranda em Língua Gestual Portuguesa e Educação de Surdos na Universidade Católica Portuguesa

Licenciada em Língua Gestual Portuguesa (LGP) pela Universidade Católica Portuguesa. Formadora de Língua Gestual Portuguesa – Formação Profissional de Formadores de Língua Gestual Portuguesa; com Especialização em Língua Gestual e Surdez pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Experiência profissional enquanto Docente de Língua Gestual Portuguesa como Língua Primeira para Alunos Surdos – 2.o e 3.o Ciclos do Ensino Básico e Ensino Secundário, e como Língua Segunda para pessoas ouvintes, durante 11 anos letivos, na Escola de Referência para o Ensino Bilingue de Alunos Surdos do Agrupamento de Escolas Quinta de Marrocos, e durante 3anos letivos na Casa Pia de Lisboa. Formadora na área de Língua Gestual Portuguesa no Centro de Formação Agostinho da Silva - Seixal; dinamizadora de duas formações específicas para docentes de Língua Gestual Portuguesa sobre História da Educação de Surdos e História de Portugal – Reis e rainhas em LGP, na Associação Portuguesa de Surdos

Gestuante em diversos manuais da Licenciatura em Língua Gestual Portuguesa da Universidade Católica Portuguesa, e do CD-Rom Dicionário de Língua Gestual Portuguesa.

Deaf Gain – Conhecer Indivíduos Surdos que alcançaram os seus Objetivos na Sociedade Portuguesa

O que significa o “Deaf Gain”? Para os Surdos, esta expressão tem uma conotação positiva e significa ter ganhos alcançados com muito esforço, com força de vontade e perseverança, em procurar ser igual à pessoa ouvinte e ser aceite na Sociedade. Para compreendermos o processo que levou ao reconhecimento profissional destas pessoas, temos que conhecer as fases e os métodos de ensino pelos quais passaram depois do congresso de Milão, e até antes do reconhecimento da LGP. É importante perceber como as experiências educativas e formativas destas personalidades afetaram os seus percursos de vida profissionais, em Portugal.

Houve Surdos que conseguiram ser iguais aos ouvintes na área profissional. Temos que reconhecer alguns indivíduos Surdos, pelos bons exemplos profissionais que representam, e para isso é preciso compreender a luta e o esforço de cada um para atingir o sucesso e ser igual a qualquer outra pessoa.

O “ganho” de cada pessoa não tem a ver com a perda auditiva, como os ouvintes julgam, e também os próprios Surdos, que sentem que, quando não conseguem obter alguma coisa, ou são prejudicados, a culpa é da audição. Mas estão enganados. A maioria das pessoas Surdas que conheço conseguiu ultrapassar os obstáculos difíceis que surgiram ao longo da vida.

Alcançar o sucesso, tem que ver com forças interiores e positivas e, ainda que estas mesmas pessoas saibam que as barreiras não são fáceis de serem quebradas, com muito esforço e com vontade de ser-se igual ou melhor do que o ouvinte, é possível atravessar os obstáculos. No final, recebem muitas recompensas: bem-estar, reconhecimento e orgulho em ser Surdos.

Temos que conhecer a história de algumas personalidades Surdas que conseguiram ter sucesso na vida profissional, tal como, ser artista, ser dono de uma loja ou empresa, ser licenciado e ter reconhecimento profissional igual a qualquer outra pessoa.

Helder Duarte                                         

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Biografia:

Aos treze anos entrou para a Associação Portuguesa de Surdos, como voluntário em várias actividades associativas, especialmente as ligadas ao teatro e ao desporto. Tornou-se presidente dessa associação, aos vinte e nove anos, cargo que possuiu por cinco anos. Liderou uma comissão de diversas instituições ligadas à comunidade surda e conquistou, em 1997, o reconhecimento constitucional da LGP, como língua oficial portuguesa, e, no ano seguinte, a implementação oficial do ensino bilingue para os surdos e igualmente Lei para o profissão de Intérprete da LGP e foi grande defensor no sistema de teletexto e legendagens para as televisões generalistas e igualmente o aparecimento de intérpretes na TV em Portugal. Foi o Líder do desporto da comunidade surda portuguesa e pela primeira vez levou a equipa portuguesa surda para os Surdolímpicos (Deaflympics) na Bulgária em 1993. Portugal filiou-se no Comité Internacional de Desporto de Surdos - CISS/ICSD em 1969 mas só conseguiu a participação em 1993 graças à sua persistência.

Foi ainda presidente interno da Liga Portuguesa de Desporto para Surdos e secretário-geral da European Deaf Sports Organization- EDSO, cargo do qual não foi demitido mas sim afastado pela Direcção de EDSO.

Em 2011, XVI Congresso Mundial da Federação Munidal de Surdos - FMS em Durban, na África do Sul, Helder Duarte foi gracejado com uma Medalha do Prémio Internacional por Mérito Social - 2ª Classe da Federação Mundial de Surdos e uma Diploma como reconhecimento à sua extraordinária dedicação à Causa das Pessoas Surdas e à sua contribuição para o desenvolvimento da FMS.

Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Helder_Duarte
 
Joaquim Melro                                            

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Joaquim Melro é licenciado em Filosofia, Mestre e Doutor em Educação. Foi bolseiro da FCT e do Ministério da Educação, desenvolvendo a sua tese de Doutoramento sobre inclusão de estudantes adultos surdos em escolas do ensino regular, no ensino noturno, dando continuidade à investigação que tem vindo a desenvolver em prol da valorização das comunidades surdas, dando-lhes voz. Tem publicações nas áreas da Filosofia e do seu ensino, das construções identitárias, das interações sociais e da educação inclusiva, particularmente na educação de surdos. É docente de Filosofia na Escola Artística António Arroio, tendo lecionado esta disciplina a alunos surdos. Exerce, desde 17 de janeiro de 2014, o cargo de diretor do Centro de Formação de  Escolas António Sérgio, em Lisboa, tendo organizado com colaboradores, neste centro de formação, diversas ações de formação, conferências e seminários dedicados à efetivação de princípios e práticas de educação e sociedades inclusivas, como o ciclo de conferências “Do gesto à voz: educação de surdos e inclusão” que ocorreu entre fevereiro e maio de 2014. Tem participado em diversos eventos científicos e culturais, onde tem apresentado diversas comunicações sobre Filosofia, Educação, Inclusão e Cultura.

É associado da Associação Portuguesa de Surdos (APS) onde frequentou até ao nível V o curso de Língua Gestual Portuguesa. Atualmente é membro dos corpos dirigentes da Associação de Famílias e Amigos dos Surdos (AFAS).

Defensor de grandes causas e princípios, Joaquim Melro acredita que é possível afirmar cenários educativos e sociais mais equitativos e inclusivos. 

DISCUTIR A INCLUSÃO E A EQUIDADE NA EDUCAÇÃO DE SURDOS

A educação inclusiva tem configurado diversos documentos de política educativa nacionais e internacionais (ME, 2008; UNESCO, 1994), sublinhando a necessidade de os sistemas educativos se afirmarem como equitativos e inclusivos, propiciando a todos os estudantes uma educação de qualidade (César & Ainscow, 2006). Estes princípios assumem particular importância para a educação de estudantes que necessitam de apoios educativos e sociais especializados (César, 2012), como os surdos que frequentam sistemas formais de educação de adultos. Em Portugal reconhecem-se as escolas do ensino regular enquanto contextos privilegiados e impulsionadores de práticas que propiciem a estes estudantes acesso a uma educação de segunda oportunidade de qualidade. Contudo, passar dos princípios às práticas é uma tarefa complexa. Essa complexidade assume maior relevância quando muitos dos agentes educativos das escolas que incluem estudantes adultos surdos não se sentem preparados para lhes oferecer um ensino de qualidade (Melro & César, 2010). Diversas vivências escolares destes estudantes evidenciam algumas fragilidades na operacionalização de práticas que subscrevem os princípios duma educação inclusiva, como o desenvolvimento de um currículo multilingue que valorize as características  dos surdos.

Pretendemos discutir os processos subjacentes à inclusão de estudantes adultos surdos (N=11) no ensino recorrente nocturno, numa escola secundária de Lisboa. Assumindo uma abordagem interpretativa (Denzin, 2000) e um design de estudo de caso intrínseco (Stake, 1995), os participantes são esses estudantes, pares ouvintes (N=6), professores (N=21) e outros agentes educativos (N=26). Os instrumentos de recolha de dados são: questionários, tarefas de inspiração projectiva, entrevistas, observação participante, recolha documental e conversas informais. Recorremos a uma análise de conteúdo narrativa (Clandinin & Connelly, 1998), sucessiva e aprofundada, fazendo emergir categorias indutivas de análise (Hamido & César, 2009). A análise de evidências empíricas ilumina que, para estes estudantes, a Escola nem sempre se revela facilitadora de inclusão e equidade escolar e social, sendo ainda pouco capaz de afirmar uma cultura organizacional e profissional, mais inclusiva. Muitos episódios revelam práticas que não são adequadas para os professores e outros agentes educativos responderem às especificidades dos estudantes surdos, contribuindo para o seu isolamento e não para a inclusão.



Debra Russell
PhD - Gallaudet University

Presidente da WASLI - Associação Mundial de Intérpretes de Língua Gestual
Diretora de Westren Canadian Centre of Deaf Studies

[vídeo]   [WASLI]

Debra Russell interessa-se pelo estudo da interpretação de American Sign Language para Inglês, pelo estudo da língua gestual propriamente dita e pelas questões relacionadas com a aquisição da linguagem pelas crianças surdas.

Os seus projetos de investigação atuais incluem um levantamento demográfico dos intérpretes de ASL-Inglês no Canadá; um exame de avaliação linguística para crianças surdas quando ingressam numa educação mediada por interpretação em língua gestual; um levantamento das melhores práticas em termos legais relacionadas com a interpretação em língua gestual; e o registo da língua gestual ucraniana, em colaboração com o Instituto de Pedagogia Especial em Kiev, na Ucrânia.

Maria Helena Regêncio Alves
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Nota biográfica: [vídeo]

Maria Helena Regêncio Alves, 57 anos, licenciada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação  (1981), acompanha a educação, formação profissional, emprego e vida associativa das pessoas surdas em Portugal, desde 1979.

Entre 1989 e 1996, coordenou Unidades Executivas do Programa AMLLis (programa de formação profissional e emprego dirigido a pessoas surdas da zona de Lisboa) no Instituto Jacob Rodrigues Pereira, da Casa Pia de Lisboa e na Associação Portuguesa de Surdos.

Entre 1996 e 2008, exerceu funções de Técnica Superior no Instituto de Emprego e Formação Profissional, ao nível das políticas de formação e emprego de pessoas com deficiência.

De 2008 a 2012, exerceu funções no Centro de Novas Oportunidades da Casa Pia de Lisboa, intervindo junto de pessoas surdas, cegas e surdocegas.

Desde 2012, exerce funções de Técnica Superior no Instituto Nacional para a Reabilitação, I. P., integrando atualmente a UIFD – Unidade de Investigação, Formação e Desenvolvimento, onde é coordenadora do Núcleo para a Língua Gestual Portuguesa (criado por Despacho nº 15586/2013, em 28 de novembro), desde janeiro de 2014.

Tem mantido actividade na área da sensibilização e da formação em temáticas relacionadas com a deficiência e reabilitação (conceitos, modelos e práticas), sobre instrumentos de defesa dos seus direitos (nomeadamente a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência) e intervindo como conferencista em temas sobre as pessoas  surdas. É assistente convidada no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, ISPA, desde 1996, onde leciona a disciplina de "Língua Gestual Portuguesa”, que desde 2006 está incluída no currículo do Mestrado Integrado de Psicologia.

 

“UM OLHAR SOBRE A HISTÓRIA DOS/AS INTÉRPRETES DE LGP EM PORTUGAL”

RESUMO DA COMUNICAÇÃO

A acompanhar directa ou indirectamente a educação, formação profissional, emprego, vida cultural e associativa das Pessoas Surdas em Portugal, nos últimos 35 anos, vou partilhar convosco o meu olhar sobre a história da formação de Interpretes de LGP, em Portugal.

Num processo em todo semelhante ao das Pessoas Surdas que em Portugal reivindicaram o direito a poder comunicar na sua língua, vendo reconhecida a Língua Gestual Portuguesa em 1997, com repercussões na sua educação, também o exercício profissional de Intérpretes de LGP tem vindo a alterar-se na sequência destas mudanças.

Quando se iniciou a formação profissional de Intérpretes em LGP nas Associações de Surdos, em finais da década de 80, já existiam Intérpretes filhos/as de Surdos que vinham desempenhando essa atividade profissional a nível público.

Durante a década de 90, e no contexto europeu de programas de intercâmbio de formação, como o Programa HORIZON, esta formação enriqueceu-se com uma parceria com o Centre for Deaf Studies, da Universidade de Bristol.

Com o reconhecimento da LGP em 1997, e a publicação da Lei 89/99 de 5 de julho, da Assembleia da República, que “define as condições de acesso e exercício da atividade de intérprete de língua gestual”, a formação de Intérpretes passa a ser desenvolvida unicamente nas Escolas Superiores de Educação de Setúbal, Porto e Coimbra, tendo a primeira

Licenciatura de Tradução e Interpretação em LGP tido início no ano letivo de 1997/98 na Escola Superior de Educação de Setúbal.

Nos últimos anos, temos vindo a assistir também, à intervenção profissional de um “novo” Intérprete de LGP: intérpretes surdos, que traduzem e interpretam em diferentes contextos profissionais: com pessoas surdas com diferentes níveis linguísticos da LGP, com pessoas com surdocegueira, com implantes cocleares, em conferências internacionais e em parceria com intérpretes ouvintes.

 
Maria José Duarte Freire
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Nota biográfica:

Nasceu em Sintra em 1958. Filha de pais surdos, desde 1980 abraçou a profissão de intérprete de Língua Gestual Portuguesa. Foi membro ativo da Comissão Para o Reconhecimento e Proteção da Língua Gestual Portuguesa.

Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas e mestre em Didática de Línguas, vertente de Português Língua não-materna, em 2012 completou as provas de Especialista em Língua e Literatura Materna - Língua Gestual. 

Nos últimos 20 anos, tem-se dedicado ao ensino, no âmbito da docência e interpretação da LGP, integrando a equipa de coordenação dos cursos de LGP, na Escola Superior de Educação de Setúbal.

Ética e Deontologia Profissional do/a Intérprete de Língua Gestual Portuguesa – Confidencialidade: Profissionalismo e Confiança.

Qualquer intérprete de língua gestual sabe que tem o dever de confidencialidade para com os seus clientes, em Portugal e em qualquer parte do mundo. Sabe-o de forma intuitiva e aprende essa regra durante a sua formação e deve segui-la ao longo da sua vida profissional.

Existem várias regras importantes a ter em conta no código de ética dos profissionais da interpretação em língua gestual: confidencialidade, pontualidade, imparcialidade, adaptabilidade, fidelidade ao conteúdo e espírito da mensagem, não tirar vantagem pessoal do contexto de tradução, dever de actualização permanente, entre outros. 

Alguns aspetos são mais importante numa determinada situação, outros aspetos serão mais importantes em outras situações de tradução e interpretação, mas a confidencialidade, também designada por sigilo profissional é de extrema importância em todas as situações.
Os intérpretes de LGP trabalham diariamente com pessoas surdas e ouvintes que para comunicarem livremente entre si, precisam saber que podem contar com um bom desempenho profissional do/a intérprete de LGP, o que inclui manter a confidencialidade de tudo o que vai ser dito entre eles. Só assim a comunicação será total e com base na confiança.
A confidencialidade por parte do/a intérprete de LGP demonstra respeito pelas pessoas surdas e ouvintes com quem trabalha ou para quem traduz e interpreta, e evita problemas ou constrangimentos posteriores ao serviço e possíveis prejuízos aos seus clientes. 
O/A intérprete de LGP deve ter o cuidado de não revelar e nem sequer comentar em parte o que interpretou, nem nomes, nem locais, nem pormenores que possam levar terceiras pessoas a descobrir assuntos que são confidenciais.
A quebra da confidencialidade pode prejudicar algum dos intervenientes, mas também prejudica a imagem do/a intérprete, que assim perde a confiança dos seus clientes, mas também prejudica a imagem de toda a classe de intérpretes de LGP.
Quando o/a intérprete de LGP trabalha com crianças ou jovens surdos menores de idade, sobretudo em contexto de escola, deve igualmente manter a confidencialidade de conversas pessoais que os alunos surdos tenham consigo, mas, tratando-se de menores, tem o dever de reportar à equipa educativa situações de violência ou abuso de que possam ser vítimas em casa ou na escola. Nesta situação deve primeiro conversar com a criança sobre a necessidade de apresentar queixa para que possa receber ajuda explicando que não se trata de uma quebra de confidencialidade mas sim de um cidadão adulto que se preocupa com a segurança e bem-estar de uma criança.

Joana Sousa
Presidente da Associação Nacional e Profissional de Interpretação - Língua Gestual

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